sábado, 13 de setembro de 2008

São Paulo S.A. (1965)

São Paulo, Sociedade Anônima (1965) - Luís Sérgio Person

Já busquei esse filme com os poemas "Ode ao Burguês" do Mario de Andrade e "A flor e a náusea" do Drummond na cabeça. Esses dias atrás ouvi falar que as críticas do início do século perduram até hoje do Brasil.
São Paulo é um grande problema irresolvível a curto prazo. E a classe média é um grande auto problema. A cidade e sua população são ao mesmo tempo espelho e reflexo uns dos outros.
O personagem principal de "São Paulo S.A." é um cara que, como a maioria dos jovens de classe média, não possui sua própria particularidade e parece não ter forças para ir atrás dela. Vemos ao longo do filme o personagem sempre querendo mais e mais, em uma cidade que oferece milhões de possibilidades as quais são praticamente inatingíveis como um todo e ao mesmo tempo.
Ele vive com Ana, mulher apagada que não possui um mínimo de laço com sua própria mãe já velha. Ana trabalha na cidade grande para poder ser alguém na vida. Afinal, hoje em dia somos aquilo que consumimos. Porém ela está esgotada pela situação em que se encontra. Carlos não sabe como agir nessa situação e escolhe a saída mais fácil: arranjar outra mulher para poder desfrutar de uma vida de prazeres.
As amantas pelas quais Carlos passa durante o filme também procuram uma vida que jamais encontrarão na cidade, mas jamais conseguirão sair da cidade pois não conseguem imaginar uma vida mais simples.
O patrão de Carlos é um homem que apenas aparenta ser bem de vida. Sua vida foi construída sobre sonegações, mentiras, passadas de perna e por aí afora. A cidade de São Paulo é um símbolo da sociedade opressora da fábrica, do consumo em massa e da perda da identidade das pessoas frente a grande massa que se forma em São Paulo.
Por fim, no momento em que Carlos consegue escapar da cidade ele não sabe o que fazer. Mais uma vez ele toma o caminho mais fácil, que o faz voltar inconscientemente para a cidade e para as recém chegadas fábricas de automóveis.
São Paulo S.A. é um filme sobre os labirintos em que se encerram as pessoas no Brasil da década de 50 e que até agora não conseguiram encontrar sua saída que não seja os meios mais fácies e muitas vezes ilegais consigo mesmas.

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